Torcedora de arquibancada, Bethe Pitbull tem uma lembrança curiosa: acompanhou o jogo de sua vida pelo rádio, vendo a Raposa fora de casa conquistar o acesso
Paraibana Bethe Pitbull exibe com orgulho a sua camisa do Campinense (Foto: Arquivo Pessoal)
A lutadora paraibana Bethe Pitbull já sabe lidar com ginásios lotados, com milhares de pessoas torcendo contra ou a favor. E neste sábado, no UFC 190, a brasileira vai viver o maior de seus momentos como lutadora, quando desafia a americana Ronda Rousey pelo cinturão mundial do peso-galo feminino. Bethe, no entanto, diz que desde pequena já está acostumada com a emoção de uma arquibancada lotada. E ao falar disso, não se refere especificamente ao MMA.
A paraibana é fã de futebol e é declaradamente apaixonada pelo Campinense Clube, time da sua cidade natal, Campina Grande, e que completa 100 anos em 2015. Frequentadora assídua das arquibancadas do Estádio Amigão na época de estudante, ela é realmente fiel à Raposa, e quando pensa num jogo inesquecível de sua vida, não titubeia ao citar uma partida da Série C do Campeonaro Brasileiro. O jogo foi em 2008 e contra o Atlético Goianiense. Foi o confronto que selou o acesso do Campinense para a Série B do ano seguinte.
O dia era 23 de novembro de 2008. Um domingo. E curiosamente, mesmo tendo ido tantas vezes ao estádio, acompanhar seu time "in loco", à partida que marcou sua vida ela assistiu em casa. A Raposa jogava fora de casa e o duelo estava marcado para as 19h no Estádio Serra Dourada, em Goiânia. Para subir, a Raposa precisava empatar com o Atlético-GO, que já havia se sagrado campeão da competição de forma antecipada.
Naquele dia, o Campinense fez exatamente o que o regulamento exigia: empatou sem gols com o Dragão e conseguiu o acesso para a Série B de 2009, para delírio de milhares de raposeiros. Dentre eles, Bethe Pitbull. Ela diz lembrar exatamente como foi o "dia do acesso":
– Foi o jogo mais lindo de todos. Foi maravilhoso. O Campinense estava na Série B. A gente ficou muito feliz e comemorou bastante. Eu nunca vou me esquecer desse dia. Eu me lembro que no dia anterior, nós nem conseguíamos dormir direito. A gente estava na dúvida se iria conseguir esse acesso. Todo mundo só falava disso lá em casa, no café da manhã, no almoço... Todos ansiosos, querendo que o jogo começasse logo. A família se reuniu toda e foi aquela animação. Compramos fogos, foi massa – disse a paraibana.
Ronda Rousey x Bethe Correia: a luta mais esperada do UFC feminino (Foto: André Durão)
E é engraçado, mas Bethe nem mesmo assistiu ao jogo. A partida, pela terceira divisão nacional, não foi transmitida. E a paraibana se contentou em torcer e sofrer, durante todos os 90 minutos de jogo, pelo rádio. Com a família toda reunida, fazendo festa, comemorando, mas todos em torno do rádio, que transmitia as informações direto do Serra Dourada. Muito por isto, ela tem poucas informações sobre o jogo propriamente dito, mas lembra e nunca vai esquecer da atmosfera em sua casa e da festa que se seguiu após o apito final (o empate garantiu o time na terceira colocação, quando quatro subiam para a Série B).
Era a consagração de um ano perfeito. O Campinense havia conseguido a classificação para a Série C de 2008 após se sagrar campeão paraibano daquele ano, ao derrotar o arquirrival Treze, na final da competição. O jogo, conhecido como Clássico dos Maiorais, também mexia com a torcedora Bethe Correia.
– Eu nunca vou me esquecer também dos clássicos entre Campinense e Treze. É muito bom. Principalmente quando os dois times disputam a final do Campeonato Paraibano – relembrou.
Bethe em seus tempos de Estádio Amidão: amor pelo Campinense vem desde a infância (Foto: Arquivo Pessoal)
Torcedora fiel e paixão que vem de casa
Engana-se quem pensa que a paixão que Bethe diz ter pelo Campinense é só da boca para fora. Ela mesmo se declara torcedora de arquibancada. E até no dia da sua formatura em Contabilidade, a lutadora desceu as escadas do salão de festas com a bandeira da Raposa, mas lamenta-se por ter perdido a foto em sua mudança para Natal (a paraibana atualmente treina na capital potiguar). A lutadora disse também que a paixão surgiu através do pai, torcedor roxo do Campinense.
– Eu sou Campinense clube, Raposa do meu coração. Sou apaixonada. Cresci no Estádio Amigão, assistindo a todos os jogos. Meu pai me levava com a camisa, com o símbolo no peito esquerdo. Sou apaixonada por levantar a bandeira e pular junto com a torcida. Meu pai é alucinado pelo Campinense e me levava desde pequena para o estádio. Nasci indo para o campo ver minha Raposa. Até no dia da minha formatura eu desci com a bandeira da Raposa. Eu até tinha esta foto, mas acho que a perdi – declarou, num misto de orgulho, emoção, mas também de lamento.
A paraibana (beijando a bandeira) ao lado de toda a família raposeira dentro do Amigão (Foto: Arquivo Pessoal)
Homenagem à Raposa no UFC
Bethe não se contenta em torcer pelo seu time de coração apenas nas arquibancadas. A lutadora já manifestou a vontade de representar o Campinense na maior organização de MMA do mundo, o UFC. Citando o exemplo de lutadores como Rony Jason e Anderson Silva, que já representaram o Fortaleza e o Corinthians respectivamente, Bethe demonstrou o sonho de um dia representar o Rubro-Negro dentro do octógono.
– Eu adoraria ter no peito a marca do meu time. Representar o Campinense. Queria fazer um acordo que fosse bom pra o time e para mim. Levaria o clube para todo o mundo. Seria um sonho! Assim como já faço com Campina Grande – comentou.
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